terça-feira, 27 de novembro de 2007

Brasília, 27/11/2007
Brasil entra no grupo de países de alto IDH
Com Índice de Desenvolvimento Humano em alta desde 1975, país fica entre os 70 que têm nível mínimo para integrar topo do ranking

Crédito: PrimaPagina
Leia o relatório
Prefácio e Índice

Sumário executivo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Anexo estatístico (em inglês)

Notas e bibliografia
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Ranking do IDH
do PNUD

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil aumentou em relação ao ano passado e permitiu que o país entrasse pela primeira vez no grupo dos países de Alto Desenvolvimento Humano.

Em termos absolutos, o país ultrapassou a barreira de 0,800 (linha de corte) no índice — que varia de 0 a 1 —, considerada o marco de alto desenvolvimento humano. Em termos relativos, o Brasil caiu uma posição no ranking de 177 países e territórios: de 69º, em 2006, para 70º este ano.

O IDH, calculado anualmente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) foi divulgado nesta terça-feira e faz parte do Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008 – Combater as Mudanças do Clima: Solidariedade Humana em um mundo dividido.

Neste ano, Albânia e Arábia Saudita ultrapassaram o Brasil, subindo respectivamente cinco e 15 posições no ranking. A ilha caribenha de Dominica, que estava acima do Brasil em 2006, ocupando o 68° lugar no ranking, caiu duas posições. No caso da Arábia Saudita,a revisão na forma de cálculo na taxa de matrícula foi o grande impulsionador da melhora do país. Como já aconteceu no ano passado, o estudo usou indicadores que foram revisados e aperfeiçoados.

Parte destas variações resultou de atualizações feitas para a expectativa de vida em 62 países (revisão do impacto da incidência, transmissão e sobrevida dos infectados com HIV/AIDS). Esta revisão beneficiou o Brasil e a Albânia. A expectativa de vida no Brasil aumentou de 70,8 anos para 71,7. Na Albânia, o aumento foi de 73,9 anos para 76,2 anos, em média, graças a esta revisão. (veja tabela)

Da mesma forma, o PIB per capita foi ajustado para 159 países como o propósito de melhor refletir os preços correntes de 2005. Com estas revisões, o Brasil teria passado, já em 2004, para 71,5 anos de expectativa de vida, com 87.5% de taxa de matrícula e US$ 8.325 de renda per capita. O aumento efetivo correspondente ao ano de 2005 foi de 0.2 anos para expectativa de vida e US$ 77 para a renda per capita. Os dados da educação para o Brasil não foram disponibilizados pelo Instituto de Estatística da UNESCO para 2005, razão pela qual foram usados os dados de 2004 atualizados, refletindo de qualquer forma, uma melhoria da educação no país.

Por estas razões, qualquer comparação entre o IDH deste ano com o de anos anteriores deve ser vista com muita cautela. De fato, os dados recebidos a cada ano das agências internacionais apresentam valores para os anos mais recentes que estão disponíveis, assim como, revisões e atualizações que melhor refletem a situação dos países. Consequentemente, O PNUD recomenda que mais ênfase deve ser dada ao desempenho de longo prazo dos países que mostrem mudanças reais nas diferentes dimensões.

Sem levar em consideração as revisões de dados, que ocorreram para todas as dimensões do IDH, é possível afirmar que o IDH brasileiro cresceu de 0.792 para 0.800. É importante notar que o progresso nos indicadores de desenvolvimento humano básico para o Brasil se deu de maneira consistente em todas as dimensões.

Ou seja, a melhora do IDH brasileiro, além de constante – desde 1975 todos componentes que formam o índice vêm apresentando melhora – é harmônica, como ilustra a tabela abaixo.

Quando comparamos o ranking do Brasil dentro das diferentes dimensões, podemos verificar como o Brasil está melhor posicionado nas dimensões educação e renda. Em particular, deve-se notar como a taxa de matrícula no Brasil situa-se entre as 36 mais altas do mundo.

Tendências de longo prazo

O IDH foi concebido para mostrar tendências na avaliação do desenvolvimento humano no longo prazo. Ele é um indicador com várias dimensões que não respondem a políticas de curto prazo. Isso é particularmente o caso da taxa de alfabetização de adultos e da expectativa de vida no nascimento. Por esta razão é fortemente recomendado que os indicadores sejam comparados em um período de médio a longo-prazo.

No caso do Brasil pode-se afirmar que a evolução dos indicadores de desenvolvimento humano mostra uma alta consistência entre 1990 a 2005. Durante este período, a expectativa de vida cresceu mais que cinco anos e meio, o PIB per capita cresceu por volta de um sexto e as taxas de alfabetização dos adultos cresceu quase sete pontos percentuais. No entanto, foi a taxa combinada de matrícula que cresceu mais –quase 20 pontos percentuais. O resultado cumulativo destas mudanças foi uma progressão harmônica do desenvolvimento humano no Brasil.

Antes de o IDH ser calculado, convertem-se os indicadores de cada dimensão em índices usando os valores máximos e mínimos escolhidos para cada indicador (para mais detalhes sobre o cálculo do IDH, ver a Nota Técnica 1 do RDH 2007/2008). A figura abaixo mostra a contribuição de cada componente para o IDH do Brasil desde 1975.

Tendências nos índices componentes do IDH do Brasil 1975-2005

Avaliando o progresso do IDH brasileiro em relação ao dos outros países

Desde a metade dos anos 1970, quase todas as regiões do mundo aumentaram progressivamente o seu IDH. A Ásia do Sul e Leste aceleraram o seu progresso desde 1990. A Europa Central e do Leste e a União dos Estados Independentes (CIS), após uma queda catastrófica na metade dos 1990s, já retornaram aos níveis anteriores a crise. A grande exceção é a Africa subsaariana. A região está estagnada desde 1990, parcialmente devido a uma crise econômica, mas principalmente como resultado dos efeitos catastróficos da AIDS sobre a expectativa de vida.

Na América Latina e Caribe, os ‘vizinhos de IDH’ mais próximos do Brasil em 2005 foram o Panamá e Dominica, nas posições 62 e 71 respectivamente.

Ao ingressar no grupo de países de alto desenvolvimento humano, o Brasil marca o início, mesmo que simbólico, de uma nova trajetória e de um novo conjunto de aspirações. O olhar deve voltar-se ao desempenho do conjunto de países latino-americanos que têm um desenvolvimento humano superior ao brasileiro, incluindo Argentina, Chile, Uruguai, Costa Rica, Cuba e México. O Brasil possui indicadores de desenvolvimento humano inferiores em quase todas as dimensões.

Fonte: PNUD