quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Boas escolhas para prefeitura ajudam São Caetano do Sul a ter o maior IDH do país

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil


São Paulo - São Caetano do Sul, cidade de 145 mil habitantes do Grande ABC paulista, tem o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país. Águas de São Pedro (SP) e Niterói (RJ) vêm em seguida na classificação. Apesar de não abranger todos os aspectos nem ser uma representação da "felicidade" das pessoas, o IDH pode mostrar, indiretamente, o peso que as eleições municipais têm no desenvolvimento da cidade.

Calculado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) – pela última vez no ano 2000 - o IDH é baseado em três pilares principais: renda, longevidade (e saúde) e educação.

“Nenhuma dessas três dimensões têm variáveis que captam o impacto direto dos serviços públicos. No entanto, você pode ver que quanto à dimensão educação, quanto à dimensão saúde, elas estão estritamente vinculadas à provisão de serviços públicos. E como tal, dependem de maneira indireta da administração pública”, explicou o economista sênior do Pnud, Flávio Comim.

Ele ressaltou que o desenvolvimento da cidade pode depender mais da eficiência das administrações escolhidas no voto do que do orçamento do município. “A eleição seguramente deve ter um impacto [no desenvolvimento humano do município] porque a maior parte dos candidatos faz promessas relacionadas à provisão de bens públicos. Vários países que têm um nível de renda inferior têm IDH mais alto, mas isso em função da eficiência do setor público, de boas políticas distributivas, de boa estrutura, de boa organização”, afirmou.

João Carlos de Moraes, professor universitário e urbanista que estuda a região do ABC, disse que as administrações anteriores de São Caetano do Sul tiveram sua importância no desenvolvimento da cidade e no alto índice de desenvolvimento humano hoje registrado. No entanto, para ele, a cidade apresenta especificidades – como a alta arrecadação de impostos, advinda das inúmeras indústrias da região – que facilitam essa administração e, conseqüentemente, a elevação do IDH.

“Em São Caetano do Sul, o orçamento é de R$ 700 milhões ao ano. Isso equivale a você ter R$ 2 milhões ao dia. É uma cidade de 15 quilômetros quadrados e totalmente pronta. As administrações que passaram ao longo desse tempo, principalmente a partir dos anos 1990 para cá, fizeram fundamentalmente a manutenção e também a construção de alguns equipamentos”, disse Moraes.

Com um orçamento alto e um município relativamente pequeno, as administrações municipais puderam resolver problemas graves enfrentados por boa parte das cidades do país, como saneamento básico e habitação. “Nós sabemos que São Caetano do Sul, apesar de todo esse aspecto positivo, tem o problema dos cortiços. Não há favelas, mas você tem uma concentração de cortiços. Tem também o problema do estrangulamento das vias públicas, porque não existe um política de controle da verticalização no município”, acrescentou.

Para Moraes, é sobre esses problemas que os candidatos à prefeitura devem se concentrar. “Isso automaticamente acaba afetando o desenvolvimento da cidade. Tem uma série de aspectos que a alta arrecadação facilita, a possibilidade de obras, mas São Caetano do Sul poderia ser até melhor do que é”, defendeu.

De acordo com moradores da cidade, porém, os problemas enfrentados na atualidade não chamam muito a atenção. Rosali Castro Guerra, uma das muitas aposentadas que se beneficiam dos projetos desenvolvidos pelo município para a terceira idade, exalta o desenvolvimento local. “Eu, como uma pessoa aposentada, da terceira idade, em São Caetano do Sul, me sinto privilegiadíssima, porque nós temos realmente muitas atividades. Nós não somos velhos carcomidos. Sentimos a vida vibrante graças a tudo isso que temos nessa cidade”.