quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Os segredos da nova número 1 do IDH


Islândia chega ao topo do Índice de Desenvolvimento Humano sem Forças Armadas e com alto gasto público em saúde e educação

RAFAEL SAMPAIO
da PrimaPagina

Nova campeã do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), desbancando a Noruega — que foi líder nos últimos seis anos —, a Islândia não é líder no ranking de nenhum dos dados que compõem o indicador elaborado pelo PNUD. Não tem o maior PIB (Produto Interno Bruto) per capita do planeta, nem a maior expectativa de vida, nem a maior taxa bruta de matrícula, embora o analfabetismo seja próximo de zero, como ocorre em vários países de renda elevada. A principal característica desse país do noroeste da Europa é exibir ótimos resultados em várias áreas e fazer investimentos públicos maciços na área social, como indica o Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008, divulgado nesta semana.

Com 312.851 habitantes (semelhante a Foz do Iguaçu) distribuídos em 103 quilômetros quadrados (pouco mais de Pernambuco), a Islândia é uma ilha de origem vulcânica localizada no Atlântico Norte, entre o Reino Unido e a Groenlândia. O nome do país em islandês — Ísland, que significa “Terra do Gelo” — faz jus ao clima frio. A capital Reykjavik registrou temperaturas médias de 5,4º Celsius em 2006, segundo o Gabinete de Estatísticas islandês.

Sua economia é modesta — é apenas o 126º país do mundo em PIB — e depende da indústria da pesca, que responde por quase 70% das vendas externas, de acordo com dados do governo. O PIB por habitante, quinto maior do mundo, é de 36.510, em dólares calculados pela paridade do poder de compra (que leva em conta o custo de vida de cada país).

O que não é modesto são os investimentos em bem-estar social. A Islândia é o país de renda elevada com maior gasto público em saúde: suas despesas nessa área equivalem a 8,3% do PIB — bem mais que a iniciativa privada (1,6%) e quase o dobro do Brasil (4,8%), como mostram os dados do relatório do PNUD.

Os resultados indicam que o gasto é eficiente. A expectativa de vida é a terceira maior do mundo: 81,5 anos, só atrás de Japão e Hong Kong. Entre os homens, os islandeses são os que mais vivem (79,9 anos). A taxa de mortalidade infantil é a menor do planeta (2 mortes para cada mil nascimentos).

Os investimentos públicos em educação são semelhantes: na terra do prêmio Nobel de Literatura Halldór Laxness, eles correspondem a 8,1% do PIB, a oitava maior proporção do mundo, só superada por outras ilhas — incluindo a campeã Cuba (9,8%) —, por Iêmen (9,6%) e Dinamarca (8,5%). O relatório aponta que os gastos do governo são aplicados sobretudo nos estágios iniciais: 40% vai para o pré-primário e o primário, 35% para o secundário e 19% para o ensino superior.

Os resultados, novamente, indicam que as despesas são bem-feitas. No país da cantora Björk e do jogador de futebol do Barcelona Eidur Gudjohnsen, o analfabetismo beira zero, a taxa bruta de matrícula é de 99% no ensino primário e 88% no secundário. Não há evasão no ciclo escolar inicial: 100% das crianças que entram na primeira série chegam à quinta.

República parlamentarista, a Islândia tem o mais antigo Legislativo do mundo, o Alþingi, fundado em 930. Os gastos com armamentos são ínfimos: o país é um dos únicos do mundo que não tem Forças Armadas.

A Terra do Gelo tem, ainda, a taxa de desemprego de 2,9%, a menor da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, entidade internacional de 30 países comprometidos com os princípios da economia de livre mercado).

http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?id01=2829&lay=pde