domingo, 13 de dezembro de 2009

Brasil é mais desigual que Argentina no IDH

Buenos Aires, 30/11/2009

Diferença do maior para o menor indicador nos Estados brasileiros é quase o dobro da distância entre a melhor e a pior província argentina
Richie Diesterheft
Leia a íntegra
Relatório de Desenvolvimento Humano da Argentina
TIAGO MALI
da PrimaPagina

As desigualdades regionais no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil são quase o dobro das da Argentina, de acordo com os números mais recentes dos dois países. A distância entre o maior IDH brasileiro (de Brasília) e o menor (Alagoas) é 95% maior que o fosso entre o máximo (província de Buenos Aires) e o mínimo (Formosa) argentino.

Os números da Argentina estão no Relatório de Desenvolvimento Humano da Argentina, recém-divulgado pelo PNUD, e referem-se a 2006. Os do Brasil estão no estudo Emprego, Desenvolvimento Humano e Trabalho Decente – A experiência brasileira recente, lançado no ano passado, e são de 2005.

Embora o IDH do Distrito Federal (o maior do Brasil, de 0,874) supere o índice da província autônoma de Buenos Aires (o maior IDH da Argentina, com 0,869), no extremo oposto a vantagem se inverte. O pior índice argentino (Formosa, com 0,768) é maior do que o de metade dos Estados brasileiros, ficando muito acima de Alagoas, com 0,677. Na Argentina, 15 das 24 províncias podem ser consideradas de alto desenvolvimento humano (IDH igual ou maior a 0,800); no Brasil, apenas 10 de 27 unidades da federação.

Além disso, a desigualdade regional também caiu mais na Argentina, apesar da crise enfrentada pelo país no início desta década. De 1996 a 2006, a diferença entre a província argentina com pior e a com melhor IDH recuou 10%; no Brasil, de 1995 a 2005, a diminuição foi de 9%.

“O Brasil, historicamente, tem grandes diferenças entre as regiões Sudeste e Norte e Nordeste, que se refletem em indicadores sociais muito desiguais. A industrialização concentrada no Sudeste na década de 50 levou a fluxos de migração nos anos 70 e 80 que aprofundaram a desigualdade. As regiões mais populosas receberam mais verbas para infraestrutura e o Nordeste foi desfavorecido, criando condições piores de serviços públicos”, analisa Renato Baumann, diretor do escritório da CEPAL (Comissão Econômica para América Latina e o Caribe) no Brasil e coordenador do estudo que traz o IDH dos Estados brasileiros.

Na Argentina, observa o economista, isso não aconteceu com a mesma intensidade. “A distribuição é mais homogênea, herança um pouco do modelo de imigração. Ao contrário do Brasil, que baseou suas atividades no trabalho escravo durante muito tempo, a Argentina começou mais cedo a receber migração para trabalho assalariado na manufatura do couro, o que pesa menos que a escravidão em termos de indicadores sociais para as próximas gerações”, compara Baumann.

Semelhanças

Embora o nível de desigualdade entre as regiões seja diferente, em ambos os países os piores índices se concentram na região Nordeste e os melhores, no Sul. Enquanto os nove estados nordestinos detêm os nove piores IDHs no Brasil, das seis províncias de Gran Chaco e Mesopotâmia, no Nordeste argentino, cinco estão nas últimas posições.

Já nas duas regiões mais ao sul da Argentina, Patagônia e Pampas, estão oito dos dez melhores IDHs do país. Coincidentemente, os sete estados do Sudeste e do Sul estão entre os 10 melhores IDHs brasileiros.

“O sul da Argentina tem poucas pessoas, é rico, e tem algumas das terras mais férteis do mundo. Com poucas pessoas e uma riqueza grande sendo gerada pelo agronegócio, parece plausível que a renda puxe o IDH para cima neste caso”, pontua Baumann. A hipótese de Baumann parece se confirmar nos dados divulgados pelo relatório de Desenvolvimento Humano da Argentina. Entre as dez províncias com maior subíndice de renda do IDH, oito estão localizadas no sul do país.

A Argentina ocupa atualmente a 49ª posição no ranking do IDH, com destaque no subíndice de educação, o 37º melhor do mundo. Já o Brasil está na 75ª posição, também considerado de alto desenvolvimento humano, embora seus subíndices de renda e de esperança de vida estejam abaixo de (0,800). A educação é também o campo onde os brasileiros se saem melhor (70ª posição do ranking).

terça-feira, 6 de outubro de 2009

IDH do Brasil cresce; país é 75º no ranking

Renda foi principal razão da melhora no Índice de Desenvolvimento Humano; Brasil está entre nações de alto padrão de desenvolvimento
Fonte: PNUD
Veja as tabelas
Veja o novo ranking do IDH, em português

Tabelas, textos e mapas, em inglês
O relatório completo
Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos (em português de Portugal)

Sumário executivo (em português de Portugal)
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da PrimaPagina

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil melhorou entre 2006 e 2007, mas o país manteve sua posição no ranking mundial — ficou em 75º numa lista com número recorde de 182 países e territórios, aponta o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) 2009, divulgado nesta segunda-feira pelo PNUD.

Como o estudo usa indicadores e metodologias que foram revisados e aperfeiçoados pelas fontes produtoras dos dados, o IDH deste ano não pode ser comparado com o dos relatórios anteriores. Porém, a fim de possibilitar que sejam verificadas tendências no desenvolvimento humano, o estudo usou as novas séries estatísticas não só para calcular o IDH de 2007 (os relatórios sempre se referem ao índice de dois anos antes), mas também para recalcular o IDH de 2006, 2005 e de outros seis anos de referência: 1980, 1985, 1990, 1995 e 2000.

O IDH varia de 0 a 1. É a síntese de três índices: de renda (que leva em conta o Produto Interno Bruto (PIB) per capita), de longevidade (que usa como indicador a expectativa de vida) e de educação (que considera dois indicadores: taxa de alfabetização de pessoas com 15 anos ou mais de idade e taxa de matrícula bruta nos três níveis de ensino — relação entre a população em idade escolar e o número de pessoas matriculadas no ensino fundamental, médio e superior). Em relação aos dados divulgados no ano passado, houve revisão na expectativa de vida e no PIB per capita.

Os números recalculados para 2006 apontam que o IDH do Brasil era de 0,808. Em 2007, passou para 0,813. Assim, ficou em 75º, logo acima de Bósnia-Herzegóvina (76º), Colômbia (77º), Peru (78º), Turquia (79º) e Equador (80º) e logo abaixo de Granada (74º), Dominica (73º), Macedônia (72º), Rússia (71º) e Albânia (70º).

O país se manteve entre os classificados como de desenvolvimento humano elevado (IDH entre 0,800 e 0,899), grupo em que entrou há três anos. Os líderes do IDH 2007 são Noruega (0,971), Austrália (0,970), Islândia (0,969), Canadá (0,966) e Irlanda (0,965). Eles estão entre os 38 países ou territórios classificados pelo PNUD como de desenvolvimento humano muito elevado (0,900 ou mais), categoria criada neste ano. O único país da América Latina e do Caribe nesse conjunto é a ilha caribenha de Barbados (37º no ranking, IDH de 0,903). Os piores do ranking são Níger (182º, IDH de 0,340), Afeganistão (181º, IDH de 0,352) e Serra Leoa (180º, IDH de 0,365). Como os dados são de 2007, eles não captam a fase mais intensa da crise econômica global.

Renda lidera melhora

De 2006 para 2007, o Brasil avançou nos três subíndices: longevidade (de 0,783 para 0,787), educação (de 0,888 para 0,891) e renda (de 0,750 para 0,761). A esperança de vida ao nascer subiu de 72 para 72,2 anos no período. Ainda assim, esta é a dimensão em que o país se sai pior em comparação ao resto do mundo: é o 89º no ranking global (no IDH 2006, era o 91º).

Nos indicadores relacionados à educação, o RDH mostra que o Brasil obteve avanços em um deles e, no outro, se manteve estável. As séries estatísticas apontam que a taxa de alfabetização aumentou de 89,6% para 90% (10% de analfabetismo, 73º no ranking mundial). A taxa bruta de matrícula estabilizou-se em 87,2% (41º no ranking).

A dimensão renda do IDH é avaliada pelo Produto Interno Bruto per capita, ajustado pela paridade do poder de compra (dólar PPC, método que elimina as diferenças de custo de vida entre os países). De 2006 para 2007, foi o item que mais impulsionou o índice brasileiro: o PIB per capita avançou 6,9% — passou de US$ 8.949 para US$ 9.567. O país está em 79º lugar no ranking de renda, quatro posições abaixo da colocação no ranking do IDH. Em 2006, no cálculo pela nova metodologia, ele era 91º no IDH Renda.

A decomposição do IDH mostra que o Brasil tem um subíndice de renda inferior ao da América Latina e à média mundial. Em esperança de vida, supera a média global, mas não a latino-americana. Educação é a dimensão em que o Brasil mais se aproxima dos países ricos e mais se distancia da média mundial.




Em comparação com algumas nações da América Latina (México, Peru, Argentina Venezuela, Chile e Colômbia), o Brasil tinha, em 1980, o pior Índice de Desenvolvimento Humano. Dez anos depois, havia superado apenas o Peru, que voltou a ultrapassá-lo em 1995. Nos cinco anos seguintes, porém, o Brasil foi o que avançou mais rapidamente, ficando acima do Peru e da Colômbia e chegando perto da Venezuela em 2000. Da virada do milênio ano em diante, o crescimento no IDH brasileiro desacelerou, o que fez com que Peru e Colômbia novamente se aproximassem do nível brasileiro. A Argentina (hoje o 49º país do ranking) e, a partir da década de 90, o Chile (44º hoje) estiveram sempre acima desse grupo.



Uma análise da expansão média anual de alguns países da região mostra que o Brasil teve avanços mais rápidos nos anos 90, sobretudo na segunda metade da década, mas o progresso foi mais lento no início de 2000 a 2007. De 1980 a 2007, o Brasil foi o país que teve o maior crescimento anual entre os da tabela acima, mas isso não foi suficiente para se aproximar do Índice de Desenvolvimento Humano do Chile e da Argentina. Se o Brasil foi um dos um dos países com menor crescimento nos último dois anos, a Venezuela se destaca como o que mais cresceu no período de 2005 a 2007.

O RDH 2009 também traz o ranking de dois índices derivados do IDH. No Índice de Pobreza Humana (IPH), elaborado desde 1997 e calculado apenas para países em desenvolvimento, o Brasil aparece na 43ª posição num total de 135 territórios, pouco pior que o Uzbequistão (42º), Tailândia (41º) e Turquia (40º) e pouco melhor que República Dominicana (44º), Ilhas Maurício (45º) e Suriname (25º). O país em melhor posição é a República Tcheca e o pior, Afeganistão. Esse indicador mede a privação em três aspectos: curta duração da vida (calculada como possibilidade de se viver menos de 40 anos), falta de educação elementar (calculada pela taxa de analfabetismo de adultos) e falta de acesso a recursos públicos e privados (calculada pela porcentagem de pessoas sem acesso a serviço de água potável e pela porcentagem de crianças com peso inferior ao recomendado).

Outro indicador derivado do IDH é o Índice de Desenvolvimento Ajustado ao Gênero (IDG), que leva em conta as mesmas dimensões do IDH, mas considera as desigualdades entre homens e mulheres. No ranking com 155 países, o Brasil fica em 63º, logo à frente de Colômbia (64º) e Peru (65º) e logo atrás de Macedônia (62º) e Albânia (61º). Na lista do IDG, o líder é a Austrália e o último colocado,

terça-feira, 30 de junho de 2009

Ranking do IDH

Veja a lista de 179 países e territórios, classificados segundo o Índice de Desenvolvimento Humano calculado com dados relativos a 2006

Posição País IDH
Alto desenvolvimento humano
1 Islândia 0.968
2 Noruega 0.968
3 Canadá 0.967
4 Austrália 0.965
5 Irlanda 0.960
6 Holanda 0.958
7 Suécia 0.958
8 Japão 0.956
9 Luxemburgo 0.956
10 Suíça 0.955
11 França 0.955
12 Finlândia 0.954
13 Dinamarca 0.952
14 Áustria 0.951
15 Estados Unidos 0.950
16 Espanha 0.949
17 Bélgica 0.948
18 Grécia 0.947
19 Itália 0.945
20 Nova Zelândia 0.944
21 Grã-Bretanha 0.942
22 Hong Kong 0.942
23 Alemanha 0.940
24 Israel 0.930
25 Coréia do Sul 0.928
26 Eslovênia 0.923
27 Brunei 0.919
28 Cingapura 0.918
29 Kuait 0.912
30 Chipre 0.912
31 Emirados Árabes Unidos 0.903
32 Bahrein 0.902
33 Portugal 0.900
34 Qatar 0.899
35 República Tcheca 0.897
36 Malta 0.894
37 Barbados 0.889
38 Hungria 0.877
39 Polônia 0.875
40 Chile 0.874
41 Eslováquia 0.872
42 Estônia 0.871
43 Lituânia 0.869
44 Letônia 0.863
45 Croácia 0.862
46 Argentina 0.860
47 Uruguai 0.859
48 Cuba 0.855
49 Bahamas 0.854
50 Costa Rica 0.847
51 México 0.842
52 Líbia 0.840
53 Oman 0.839
54 Seychelles 0.836
55 Arábia Saudita 0.835
56 Bulgária 0.834
57 Trinidad e Tobago 0.833
58 Panamá 0.832
59 Antígua and Barbuda 0.830
60 São Cristóvão e Névis 0.830
61 Venezuela 0.826
62 Romênia 0.825
63 Malásia 0.823
64 Montenegro 0.822
65 Sérvia 0.821
66 Santa Lúcia 0.821
67 Belarus 0.817
68 Macedônia 0.808
69 Albânia 0.807
70 Brasil 0.807
71 Cazaquistão 0.807
72 Equador 0.807
73 Rússia 0.806
74 Ilhas Maurício 0.802
75 Bósnia-Hezergóvina 0.802
Médio desenvolvimento

humano
76 Turquia 0.798
77 Dominica 0.797
78 Líbano 0.796
79 Peru 0.788
80 Colômbia 0.787
81 Tailândia 0.786
82 Ucrânia 0.786
83 Armênia 0.777
84 Irã 0.777
85 Tonga 0.774
86 Granada 0.774
87 Jamaica 0.771
88 Belize 0.771
89 Suriname 0.770
90 Jordânia 0.769
91 República Dominicana 0.768
92 São Vicente e Granadinas 0.766
93 Geórgia 0.763
94 China 0.762
95 Tunísia 0.762
96 Samoa 0.760
97 Azerbaijão 0.758
98 Paraguai 0.752
99 Maldivas 0.749
100 Argélia 0.748
101 El Salvador 0.747
102 Filipinas 0.745
103 Fiji 0.743
104 Sri Lanka 0.742
105 Síria 0.736
106 Palestina 0.731
107 Gabão 0.729
108 Turcomenistão 0.728
109 Indonésia 0.726
110 Guiana 0.725
111 Bolívia 0.723
112 Mongólia 0.720
113 Moldova 0.719
114 Vietnã 0.718
115 Guiné Equatorial 0.717
116 Egito 0.716
117 Honduras 0.714
118 Cabo Verde 0.705
119 Uzbequistão 0.701
120 Nicarágua 0.699
121 Guatemala 0.696
122 Quirguistão 0.694
123 Vanuatu 0.686
124 Tadjiquistão 0.684
125 Àfrica do Sul 0.670
126 Botsuana 0.664
127 Marrocos 0.646
128 São Tomé e Príncipe 0.643
129 Maníbia 0.634
130 Congo 0.619
131 Butão 0.613
132 Índia 0.609
133 Laos 0.608
134 Ilhas Salomão 0.591
135 Mianmar 0.585
136 Camboja 0.575
137 Ilha Comore 0.572
138 Iêmen 0.567
139 Paquistão 0.562
140 Mauritânia 0.557
141 Suazilândia 0.542
142 Gana 0.533
143 Madagascar 0.533
144 Quênia 0.532
145 Nepal 0.530
146 Sudão 0.526
147 Bangladesh 0.524
148 Haiti 0.521
149 Papua-Nova Guiné 0.516
150 Camarões 0.514
151 Djibuti 0.513
152 Tanzânia 0.503
153 Senegal 0.502
Baixo desenvolvimento

humano
154 Nigéria 0.499
155 Lesoto 0.496
156 Uganda 0.493
157 Angola 0.484
158 Timor-Leste 0.483
159 Togo 0.479
160 Gâmbia 0.471
161 Benin 0.459
162 Maláui 0.457
163 Zâmbia 0.453
164 Eritréia 0.442
165 Ruanda 0.435
166 Costa do Marfim 0.431
167 Guiné Equatorial 0.423
168 Mali 0.391
169 Etiópia 0.389
170 Chade 0.389
171 Guiné-Bissau 0.383
172 Burundi 0.382
173 Burkina Fasso 0.372
174 Nigéria 0.370
175 Moçambique 0.366
176 Libéria 0.364
177 República Democrática do Congo 0.361
178 República Centro-Africana 0.352
179 Serra Leoa 0.329

Países em desenvolvimento 0.688
Países menos desenvolvidos 0.480
Estados árabes 0.713
Ásia oriental e Pacífico 0.762
América Latina e Caribe 0.810
Sul da Ásia 0.606
África Subsaariana 0.495
Europa Central, Oriental e CEI 0.814
OCDE 0.925
OCDE de rendimento elevado 0.950
Desenvolvimento humano elevado 0.901
Desenvolvimento humano médio 0.690
Desenvolvimento humano baixo 0.444
Alto rendimento 0.942
Médio rendimento 0.774
Baixo rendimento 0.564